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Doce.
Era a primeira palavra que vinha na cabeça ao se lembrar dela. Ela era doce. Em todos os sentidos.
Seu sorriso, o brilho dos seus olhos, o som da voz, as palavras, o perfume. Secretamente, até suas lágrimas eram doces. O que fazia questionar-se: O que havia dentro dela que a fazia ser assim? Que ingrediente era esse? Chorar não é nada doce. Chorar é uma dor amarga que dá nó na garganta, que aperta o peito com força. Como ela faz pra enxergar isso com doçura?
Até seu drama mexicano era bonito.
Até seu drama mexicano era bonito.
Era doce.
E se a perguntasse o motivo disso: Qual é o segredo? Ela só ria. Ria um riso contido, desviava o olhar e silenciosamente respondia em pensamento: “É amor demais! Em excesso.” Amor que transbordava em doçura. Por todos os lados.
Essa noite ela chorava. Chorava um choro abafado pelo travesseiro. Como sempre, mordia os lábios pra segurar os soluços, mas como nunca, sentiu um gosto diferente. Seus lábios, molhados pelas lágrimas que escorriam tinha um gosto salgado, de lágrimas normais. Não era mais aquele doce que acalmava a alma. Dessa vez trazia uma sensação amarga no peito, um gosto azedo de desapontamento. Não era mais aquele gosto que a fazia lembrar de coisas boas e querer deixar a tristeza de lado. Era um choro salgado que fazia a dor tomar de conta do seu coração.
O doce dentro dela perdeu a razão, o motivo de existir. Essa conclusão a fez querer chorar ainda mais.
Agora ela era apenas uma garota qualquer, chorando um choro comum. Um choro que parecia não ter fim.
O que era doce se acabou.